Depois de ontem ter aqui deixado um texto sobre o "roubo" de que estão a ser vítimas os pequenos depositantes da CGD, sinto-me hoje motivado a reproduzir neste espaço o texto que hoje me chegou também por correio electrónico.
Desta vez está em causa o "ensino" na sua vertente técnico-profissional.
Não sei se o que nele se conta é ou não verdade, mas como diz o outro: desde que vi um porco andar de bicicleta já nada me surpreende.
E tratando-se deste jardim à beira-mar plantado, porque não acreditar? Depois admiramo-nos com os elevados índices de insucesso escolar!
Desculpem, mas não resisto: Só com um gato morto nas ventas de quem tal programa engendrou (e coitado do gato) ou com uma valente "martelada" no alto do crânio (certamente vazio de massa encefálica).
Eis a "história":
"SER PROFESSORA
Carta de uma professora ao "Expresso"
ANABELA ROSA LOURO GOMES ESTÊVÃO, Coimbra
Este ano lectivo, a minha escola abriu dois cursos de educação e formação:Electricista de Instalações e Assistente Administrativo.
Sou professora de Língua Portuguesa e, normalmente, é possível aos docentes que pertencem ao quadro escolher os níveis que querem leccionar. Mesmo não tendo sido opção minha leccionar em turmas destes cursos, fui presenteada com quinze seres, projectos de electricistas de instalações, com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos. ( ... ).
Fotocopiei o programa curricular dos módulos correspondentes ao 1º dos dois anos do curso. Fiquei logo céptica quando vi que, para futuros electricistas, os programas previam a leitura orientada de obras literárias como 'Falar Verdade a Mentir', de Almeida Garrett e 'A Saga' de Sophia deMello Breyner Andresen. É certo que a cultura nunca ocupa lugar e também é certo que fica sempre bem a um electricista saber as características do teatro do séc. XIX ( ... ),assim como a interessante história do mentiroso Duarte do 'Falar Verdade a Mentir', não vá de repente ser preciso que o electricista, no exercício da sua profissão, precise mesmo de falar verdade, embora estando a mentir ...Também pode, a qualquer momento, ser necessário que o futuro electricista precise de dividir orações ( ... ). Por favor, cérebros iluminados e destacados para conceberem os programas curriculares deste tipo de cursos, não sejam líricos!!! ( ... ) Venham até Condeixa-a-Nova ( ... ) e assistam à minha aula de Língua Portuguesa. Vão gostar de ver os 15 fabulosos projectos de electricistas a pedirem que não lhes ensine tais matérias pois não lhes servirão para exercer melhor a profissão e porque lhes tinham dito que, nestes cursos, "as coisas" iam ser diferentes, sem matéria "chata", só com assuntos ( ... ) relacionados com avida mais prática (,,)
E assim vamos andando, rindo até com certas tiradas dos formandos, com as suas análises de texto boçais e bestiais, vazias de encanto poético mas cheias de conteúdo telúrico, para ser eufemística... Se não, vejam a veia poética de um formando, que, após a leitura da frase "... e Hans foi pai de cinco filhos", do conto 'A Saga' de Sophia de Mello Breyner, o único comentário de análise textual que conseguiu fazer foi:"- E cum caraças, o homem fartou-se de martelar!!!" ...."
Teixeirinha:
ResponderEliminarNão sei se hei-de rir, se hei-de chorar!
Retirado do texto "...nestes cursos, "as coisas" iam ser diferentes, sem matéria "chata", só com assuntos ( ... ) relacionados com a vida mais prática (,,) "
Afinal, quem falhou?!
Abraço-BL
Borges Lopes,
ResponderEliminarProvavelmente a professora também falhou, como me parece ser tua dedução.
Mas, parece-me, que para os cursos em causa as obras literárias mencionadas pouco interesse terão.
Para alunos deste tipo de cursos, e salvo raras excepções, obras como as referidas são necessriamente "chatas". E quem as colocou no programa julgo que não foi a senhora Professora.
Esta questão conduz-me ao tempo em que frequentei o Curso Comercial e à diferença dos programas de Português entre o meu curso e o chamado curso geral dos Liceus!
E nem por isso (modéstia à parte) deixei de aprender o Português suficiente para a "minha profissão" de empregado do BCA, até ingressar na Universidade. E também não foi na Faculdade de Economia que aprendi o que hoje sei de Português (Lìngua Portuguesa).
Teixeirinha:
ResponderEliminarO programa e os cursos, poderão ser realmente chatos! Mas os formadores podem torná-los menos chatos. Tudo depende da capacidade de adaptação às situações. Também "vim" de um Curso Comercial e a minha experiência, também foi muito positiva.
Dei formação de "Qualidade Total" e "Informática Industrial" a operários e quadros de empresa.
Mais tarde, quando encontrava os primeiros, perguntava-lhes, se serviu de alguma coisa, aquilo que lhes tinha ministrado ?! Invarialmente a resposta era sim. Quase de certeza, a resposta afirmativa, não era para me serem agradáveis. Foi, no tempo, uma dedicação mútua
Às vezes, é preciso descer à Terra.
... É a vida !...
Abraço-BL
Amigo BL, Não posso estar mais de acordo contigo.
ResponderEliminarTu conseguiste motivar os teus formandos...
Mas Qualidade Total e Informática Industrial, ministradas a Operários, qualquer um entende como necessárias à formação. Agora imagina esses mesmos operários a ter que ler e interpretar Sophia e Garret?!
Como é evidente, qualquer um de nós está a falar sem conhecer a realidade relatada.
No entanto, parece-me um programa pouco indicado para os cursos referidos pela professora.
Teixeirinha,
ResponderEliminarComo comentei no teu artigo s/a CGD
e como se engorda na Banca e te falei que o mesmo se passava noutros sectores da nossa sociedade, aqui tens um outro exemplo, da maneira como se vão processando todos ou quase todos os assuntos neste nosso Portugal.