sexta-feira, 24 de novembro de 2006

De dedo espetado?! EU?

A colega Ilda acusou-me de estar de dedo espetado para o Senhor Director, mais precisamente o Senhor António Fernandes. Com isso deu-me uma boa razão para escrever um pouco mais sobre a minha “vida” no BCA.
Em 1963, como já escrevi, entrei para a Contabilidade, era então o Senhor Fernandes o Chefe da Secção. Todos os que por ali passaram e com ele trabalharam terão certamente a imagem de um Homem exigente mas daqueles a quem se não aplicava o ditado: olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço!
Na verdade o Chefe era exemplo de trabalhador abnegado, competente e cumpridor. E não tenho dúvidas que também ele contribuiu para que, uns bons anos mais tarde, os meus colaboradores me tenham considerado exigente (não me fica bem, atribuir-me outros defeitos e, que diabo, virtudes que acho que também tenho).
Pois bem, não muito tempo depois de entrar para o Banco estava a fazer lançamentos na NCR, quando fui chamado à secretária do Chefe. O espaço era exíguo e, ao contrário do que hoje muitas vezes se verifica – e mal, em minha opinião – os chefes e subchefes não tinham gabinetes isolados. Lá fui à secretária do Senhor Fernandes e logo percebi que ia levar um “raspanete”. O senhor Fernandes, um pouco zangado, começa por me perguntar: O Teixeira tem o Curso Comercial, não tem? E eu: tenho sim senhor!
O Teixeira aprendeu Contabilidade, não aprendeu? E eu: aprendi sim Senhor!
Então se apreendeu Contabilidade, como explica este lançamento?
Não me recordo, concretamente de que lançamento se tratava. Mas sei que era um lançamento de “estorno”, que como sabem todos os colegas bancários (e não só), tem lugar quando se pretende rectificar um lançamento errado. E o “estorno” consiste no lançamento inverso do original.
Fui buscar o livro de NOTAS DE LANÇAMENTO (todos os lançamentos em Contabilidade têm que ter o documento correspondente) e depois de rapidamente ter confirmado o que havia feito, em tom que era o justificado para o acto (adequado ao diálogo anterior) fui à carga dizendo: Senhor Fernandes, porque tenho o Curso Comercial, porque julgo que sei Contabilidade, o que fiz está aqui e acho que está bem feito.
O Senhor Fernandes olhou para mim, pegou na Notas de Lançamento, chamou o Subchefe de Secção e disse-lhe: Oh Botelho, nós não estaremos errados?
De seguida virou-se para mim e disse: Teixeira pode-se ir sentar.
Confesso que na altura me senti um tanto “inchado”. Eu que tinha sido o melhor aluno do Curso Geral do Comércio da Escola Comercial de Vicente Ferreira, com a classificação de 18 valores no exame de Aptidão profissional.
Foi um dos (meus) pequenos episódios, próprio de quem já não era assim tão jovem quanto isso. Eu tinha 19 anos e sempre fui um pouco refilão. O que para o Senhor Fernandes também não estava nada mal!
PS: Relato este episódio sem pretender com ele outra coisa que não seja partilhar o que era o meu dia-a-dia no BCA (certamente semelhante ao de outros colegas). Quem nos conhece sabe bem que ao Senhor Fernandes me liga uma grande amizade; e já em Portugal fomos visitas de casa, eu na dele e ele na minha) e foi o Senhor Fernandes que, depois de eu me ter licenciado, não desistiu enquanto não me teve como seu colaborador.
Quanto ao Senhor Botelho, julgo que era familiar do Senhor Adriano Monteiro, e infelizmente já faleceu; falar aqui hoje nele é para mim uma forma de homenagear a sua memória.

4 comentários:

  1. Ilda, infelizmente penso que ele ainda terá falecido em Angola. Ou estarei enganado? Oxalá esteja.
    Um beijinho para ti meu e da Ana e um abraço ao teu marido.

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  2. Ó DR.
    esse colega que vivia os touros e o que a eles se refer era das letras, era um rapaz alto, forte e usava oculos, o nome dentro de dias vai vir na minha cabeça!!
    um abraço do Artur
    Mal sr faça luz eu transmito, ok!!

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  3. ILDA e ARTUR,
    Dos nomes referidos não associo nenhum ao colega que se procura.
    Eu tenho mesmo ideia de que trabalhava muito próximo do Cruzeiro.
    Vamos certamente ter alguém a ajudar a essa descoberta. Até porque o grupo das patuscadas era relativamente grande.

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  4. Manuel Botelho Araujos era meu tio e já faleceu cá em Portugal... faz já muitos anos

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