quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

ANIVERSÁRIO DO LUIS RODRIGUES


Com bastante atraso e devido a problemas no meu PC, não vos dei conhecimento que o n/Colega Luis Rodrigues era aniversariante no dia 29 de Janeiro de 2007.
Eu pessoalmente, dei-lhe os parabéns, mas não consegui pôr no Blogue, como era meu desejo.
Mais um grande beijo de Parabéns da Tia Velha. Ilda Simoes.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

ALMOÇO-DEBATE DE 27.1.07


Decisões à mesa do diálogo


No sábado passado, dia 27 de Janeiro, realizou-se um almoço-debate entre os Contributors do Blogue, com uma participação activa e interessada dos Colegas radicados no Norte ( Paulina e Amândio Caldeira ), a par da Ilda Simões – alma mater destas iniciativas – da Severa, Chilocas, Teixeirinha, Borges Lopes e Teixeira da Mota.

Apenas faltou o Renato Santos, ao que julgamos por razões pessoais, mas participaram também no almoço a Manuela (lembram-se? da Contabilidade), a Ana Soledade, o Zé Ponge ( Ah,”seculo”, que andavas desaparecido…) e o Artur (tivemos de rebobinar 30 e tal anos para o identificarmos, agora disfarçado numa careca assumida e num refinado bigode), além de familiares.

Na 2ª. parte do debate, que se prolongou por mais de uma hora, foi feito um ponto de situação sobre o nosso Blogue e a sua necessária vivificação, o que suscitou uma serena e valiosa participação, com sugestões muito válidas, a que me referirei em próximo Post.

O almoço – esse valeu pelos abraços, pelo convívio, pela animação, pela música e pela visão antecipada do que será o Encontro de Maio.

Mas valeu especialmente pela inesperada participação de uma jovem que é agora um sorriso feito Mulher e que tocou, pela fácil integração no grupo, a corda cada vez mais frágil das nossas emoções. Chama-se Vera Mónica e é filha do Álvaro Baptista e da Milú.

E.T.

Peço desculpa à VERA, que não é Lúcia ( como por lapso escrevi no texto inicial ) mas VERA MÓNICA e agradeço ao “Administrador” do Blogue a correcção imediata – uma das suas funções, que o obriga e estar de serviço 24 horas por dia…como nos Rallies do BCA.

Em tempo de pedido de desculpas, este dirigido a todos os Amigos, informo que devo ter carregado no “pedal” errado do meu teclado e pulverizei, com pasmo e mágoa, os oportunos comentários ali apostos com graça e condescendência.

Se os puderem repetir, agradeço, para constarem futuramente na nossa história colectiva, como é devido.

Luís Teixeira da Mota




domingo, 28 de janeiro de 2007

Notícia fresca...


Um clique na imagem e conseguirão ler parte do e-mail recebido hoje.

ANIVERSÁRIO DO BCA- 28/01/1956

O Banco Comercial de Angola, completava hoje 51 anos. Era o dia do n/Jantar de Aniversário.
Fizemos ontem um almoço com alguns colegas, cujo motivo era outro, ou seja, tentarmos trabalhar na listagem dos ex-bca, para conseguirmos o maior número possível de participantes no Almoço Convívio a realizar em Maio próximo, mas no qual fizemos um brinde por este aniversário e com um bolo c/a imagem do n/BCA, que há excepção de 2 colegas que por motivos particulares não puderam estar presentes até ao fim e não chegaram a ver este momento da cerimónia, mas que não posso de deixar de pôr aqui com os "PARABÉNS AO BCA", na pessoa de todos os colegas que lá trabalharam.

Um abraço para todos da Ilda Simões

Estatísticas - Sondagens - até 27.01.2007

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Um soneto de Rui de Noronha - Moçambique


[SOM]

ANTÓNIO RUI DE NORONHA
( 1909 – 1943 )

PRECURSOR DA POESIA MOÇAMBICANA DE EXPRESSÃO PORTUGUESA

"ANTÓNIO RUI DE NORONHA nasceu em 28 de Outubro em Lourenço Marques, filho de Roque das Neves Noronha, despa­chante oficial de origem goesa e de Helen Sophia Bilankulu, de origem zulu, nascida na África do Sul... Depois de concluir o quinto ano no Liceu 5 de Outubro, (mais tarde Liceu Salazar e hoje Escola Secundária Josina Machel), Rui de Noronha fez con­curso para os Caminhos de Ferro, em que obteve boa classifica­ção, tendo sido colocado como aspirante. A sua estreia literária teve lugar aos dezassete anos em O Brado Africano (1918-1975) .... Assinou com os nomes de António Rui de Noronha, Rui de Noronha ou as iniciais R.N. Usou ainda os pseudónimos de Ritmo Negro, Cancarrinha de Aguilar, Can­carrinha, Xis Kapa… Legou um obra inolvidável, dispersa no "O Brado Africano", "O Programa dos Teatros", - Miragem, "Anseio", "O Emancipador", "Notícias", "África", que retratam, o poeta, o pensador, o activista social, a primeira voz... de Moçambique ".


(in “África Surge et Ambula” – Livro e CD )

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Para que conste...

Finalmente, voltei a receber um e-mail do ex-BCA:

Antonio do Nascimento Anapaz
Services Manager Medilab Ltd
Rua Afrâneo Peixoto No. 45 - Alvalade Luanda - Angola
Phone Nr. +244-222-354446 Fax Nr. + 2454-222-358786
mailto: antonio_anapaz@yahoo.com.br
antonio@medilab.cc

Pelo 1º endereço electrónico parece que está no Brasil.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

ACÇÕES DA CUCA


COMENTÁRIO Nº.6 - POR ILDA SIMÕES
Alguém, quase no inicio deste Blogue se lembrou das Acções da Cuca, creio que foi a Severa, que até disse que pensava que estava rica c/essas Acções.
Pois bem, andando a procurar tudo o que tenho do BCA e s/Associados, acabei por encontrar as minhas Acções e mando aqui uma delas, para se recordarem. Um beijo da Ilda.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Por falar em poesia...

Adoro poesia e enquanto espero que surja o poema da grande poetisa Alda Lara, vou tentar, com a simplicidade de que sou capaz, traduzir o meu Tempo em verso.

G ente simples, terra boa...
O tempo feito de abraços!
A terra dos primeiros passos...

L onge dos sonhos de criança,
U ma vida de emoções...
A alma cheia, o peito leve!
N ela o tempo sempre breve,
D e alegria e de ilusões,
A vida feita de esperança...

L evei tempo a perceber,
'I nda hoje não sei dizer,
S e gosto de ti para viver.
B ocados de mim são teus,
O s meus pais... filhos meus!
A onde paro, sabe Deus...

Um poema de Alda Lara - Angola





(ALDA LARA - Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque. Benguela, Angola, 9.6.1930 - Cambambe, Angola, 30.1.1962). Era casada com o escritor Orlando Albuquerque.Muito nova veio para Lisboa onde concluíu o 7º ano dos liceus. Frequentou as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, licenciando-se por esta última. Em Lisboa esteve ligada a algumas das actividades da Casa dos Estudantes do Império.

Declamadora, chamou a atenção para os poetas africanos. Depois da sua morte, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira instituiu o Prémio Alda Lara para poesia.

sábado, 20 de janeiro de 2007

IMPOSTO GERAL MINIMO

COMENTÁRIO Nº.5- POR ILDA SIMÕES


Envio a imagem do talão do "IMPOSTO GERAL MINIMO " do ano de 1974, o qual era mais conhecido por "IMPOSTO PALHOTA", se bem se lembram e que está em nome do meu marido.

Como no meu tempo de Baixa, tenho vários momentos em que me sinto bem, andei à procura de documentos que pensava que estavam muito bem guardados e afinal estavam dentro de várias capas plásticas e noutros sítios onde fui encontrar este .

Não é que diga respeito em especial ao BCA, mas era um dos impostos pagos na n/inesquecível Angola e portanto resolvi inseri-lo no n/Blogue. Para relembrar.

Beijos para todos os EX_BCA.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O Selo de Povoamento


Todos nos lembramos do selo de Povoamento. Ele perseguia-nos a toda a hora e em qualquer local. E não havia documento ou acto que não estivesse a ele subjugado. Havia selos de diversos valores.
Confesso que ao contrário do que hoje se passa comigo, naquele tempo eu via com bons olhos o pagamento daquele selo porque "sentia-se" que Angola estava em crescimento e os nossos impostos eram bem aplicados (pelo menos aparentemente).
São eles, os selos de Povoamento, os protagonistas da história (real) que vou relatar e de que, estou convencido, quase todos se recordarão.
Em 1973 (se o ano não me atraiçoa) foi detectada no BCA um fraude com cheques, que procurarei relatar o mais fielmente possível.
Como é evidente, um cheque “PAGO” não pode ser objecto de novo pagamento. A não ser por métodos fraudulentos.
E para não haver dúvidas, como sabemos, o cheque pago era carimbado como tal e de forma bem legível, normalmente com a menção "PAGO e data de pagamento" (estou a situar-me nos métodos que antecederam as novas tecnologias, como é obvio).
Então em que consistiu a fraude com os cheques pagos no BCA?
Os cheques estavam sujeitos a selo de Povoamento e eram selados no verso. Ao certo não me recordo qual era o correspondente montante. Mas como havia selos de valores diversos era sempre possível selar o cheque com vários (parciais) perfazendo o total.
E assim, alguém no Banco se encarregava de reintroduzir cheques pagos no circuito, depois de tapar com os selos adequados o carimbo de PAGO.
E o cheque voltava a ser apresentado a pagamento sendo considerado como bom salvo se não houvesse saldo diponível na conta.
Repare-se que ao tempo os cheques não eram tratados por leitura óptica e portanto o seu lançamento em conta corrente era sempre feito nos serviços de Depósitos.
E assim foram sendo pagos segunda vez vários cheques. Até que um dia alguém se queixou do débito indevido do mesmo cheque.
A fraude acabou, como não poderia deixar de ser, por ser detectada pela Inspecção do Banco e em consequência, durante algum tempo, a Direcção dos Serviços de Organização e Produtividade foi chamada a estudar a forma de impedir que cheques pagos pudessem voltar a ser apresentados.
Fui o principal responsável por esse estudo. Sinceramente já me não recordo de qual foi a solução final. Mas sei que o maior obstáculo que tivemos que ultrapassar teve a ver com a “dificuldade” em carimbar-se o rosto do cheque em vez do seu verso. Sobretudo para os cheques de outros bancos que teriam que passar pela Câmara de Compensação.
Mas acabou por encontrar-se uma solução e talvez outros colegas possam recordá-la melhor do que eu.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

UMA EVOCAÇÃO E VÁRIAS REFLEXÕES


O futuro dos povos, tal como o das instituições, emana de uma reflexão crítica – serena, construtiva e imparcial – do seu passado, que não pode excluir uma evocação, o mais racional possível, da sua história, factos e pessoas que formaram a sua estrutura axial.

É também no passado colectivo que encontramos hoje vínculos de solidariedade activa e as raízes dos melhores e mais perduráveis valores.

Por isso que, trazendo ao nosso blogue algumas evocações ( e fazendo-o sem nostalgia doentia, arredando questões menores ou laterais ) tal comporta – da mágoa ao sorriso – um sentimento de gratidão e um estímulo adicional para apreciarmos o presente com outra qualidade.

E evocar esse passado quando ainda temos presente e futuro, amamos a vida e partilhamos solidariedades, significa também acrescentar às nossas relações pessoais, familiares e sociais uma experiência enriquecida, tão livre quanto responsável, assente no equilíbrio das nossas posições e na desejável partilha dos valores perenes. Sublimando sentimentos e racionalizando emoções, não perdemos de vista igualmente o futuro pessoal e colectivo.

Por mim, recordar uma vivência outrora intensamente partilhada e agora filtrada por uma serenidade distanciada, será sempre útil e a forma inteligente de olhar o futuro com esperança e outra espiritualidade. Digo-o sem qualquer intenção moralista ou dogmática.

Serve este texto reflexivo, aparentemente generalista, como introdução dialéctica para o mosaico fotográfico que nos transporta aos anos de 1977/8 , aquando do 1º. Rencontro dos ex-Colaboradores do BCA. Achei que era o tempo oportuno para lhe dar expressão e relevo no nosso blogue – este fascinante e necessário encontro quase diário, que saberá encontrar o seu rumo e a sua cadência.



Luís Teixeira da Mota



terça-feira, 16 de janeiro de 2007

PUBLICAÇÃO BCA NA NORTADA


Já foi publicada na revista Nortada do Sindicato dos Bancário do Norte a imagem em destaque. Não foi possível efectuar outro tipo de imagem mais apelativa devido à falta de espaço, mas é melhor que nada. Esta revista chegou hoje à minha caixa de correio, pelo que se tudo correr bem como espero, durante os próximos dias irei ter que fazer. Agradeço a colaboração de todos os visitantes do Blog para a divulgação do n/pedido.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Há dias... e... dias !

Há dias em que parece que as vinte e quatro horas passam por nós sem deixar rasto, são os dias insossos, cinzentos, sem tom, nem brilho, nem som que nos desperte. Outros, pelo contrário, deixam-nos marcas indeléveis para o resto da vida.

Hoje foi um desses dias que não irei esquecer certamente. Desloquei-me a Almada para fazer a revisão e inspecção do carro, e dada a necessidade de deixar a viatura, fiz a viagem de retorno no comboio da Fertagus, viagem agradável, que só fizera uns dias a seguir à sua inauguração.

Tirei o bilhete, numa das máquinas disponíveis na estação, e constatei que paguei a módica quantia de 0,80 euros, contra a desfaçatez de me identificarem como 3ª IDADE/ REF./PENS. (aqui só faltou chamarem-me também de IDOSO).



Pois é, meus amigos, um homem julga-se e sente-se ainda na meia idade e vêm de lá as estatísticas e pregam-nos esta ignomínia na testa. Fiquei como devem calcular...

Estou a brincar, mas até vou guardar este bilhete para saber em que dia fui obrigado a sentir-me mais velho, porque deste epíteto já não me livro até ao fim dos meus dias.

BL

domingo, 14 de janeiro de 2007

Em memória

É certo que a descolonização já passou há muitos anos, mas as lembranças que temos dessa época e do passado anterior, essas parece que passaram ontem como um filme, muito depressa. E se pensarmos rapidamente encontramos histórias do nosso dia a dia tão interessantes que é pena serem guardadas na memória

Quando trabalhei na dependência de S. Paulo em Luanda, tinha um colega infelizmente já desaparecido chamado Belmiro Ferreira Pinto. Era uma figura muito querida por todos que o conheciam, muito polémico em gastos, só gastava o indispensável e necessário furtando-se sempre ao supérfluo. Das muitas situações que assisti tenho uma que entendo como das melhores, mais engraçadas e curiosas.

Um belo dia apareceu na dependência um casal que queria falar com o Belmiro. Recebeu-os numa pequena sala de estar da dependência e aí estiveram bastante tempo a conversar. Sabíamos que o casal vinha falar com o Belmiro para lhe tentar vender um andar e começamos a ficar admirados com a demora, pois sempre que alguém o abordava para vendas, era rápida a conversa, mas nesta não.

Mais de uma hora depois, o Belmiro muito sorridente despediu-se do casal com um sorriso muito aberto, acompanhou-os à porta e despediu-se. Perguntamos-lhe se tinha comprado algum andar e ele disse que não, sorriu e foi trabalhar.

No dia seguinte apareceram novamente na dependência os mesmos senhores acompanhados de mais duas pessoas, entraram para a pequena sala e o Belmiro foi ter com eles levando alguns papéis. Estiveram a falar bastante tempo, sempre com sorrisos, vimos que houve assinaturas em vários papéis e dissemos uns para os outros, pronto já deram a volta ao Belmiro.

Acabada a reunião os promotores saíram, despediram-se e foram à vida. Aqui perguntamos: Então Belmiro quanto custa a casa. Riu-se e com o ar mais natural do mundo fez este comentário, comprei uma casa! Só se estivesse maluco! Vendi foi um terreno.

Foi um facto que aconteceu, do qual me lembro e que merece ser recordado até para lembrar este colega infelizmente falecido.

E eu que gosto de pescar!




Caro Borges Lopes,

Já que falamos de pescaria, aqui ficam algumas fotos deste "pescador amador" que sempre que pode não deixa de tentar enganar um peixito. E de vez em quando consigo enganar uma corvina ou um robalo. E que bons são assados "ao sal"!
Quanto a enjoos, "nem te digo, nem te conto". No Tejo, entre V. F. de Xira e a Ponte Vasco da Gama, já vivi alguns momentos em que "ia morrendo"! Mas quando um dia, quase desmaiado, uma corvina "picou" não houve enjoo que me impedisse de a trazer para bordo. E pesava 1,5 kg (o que já não é muito vulgar). A seguir... bom a seguir ... lá me dediquei mais uns bons minutos a "engodar".

É pena que aqui não seja tão fácil pescar quanto era em Angola! Mas quando lá estava eu não tinha ainda o "vício" da pesca!

Uma pescaria no atlântico em 1974

O Felizardo Loureiro, operador de computadores do centro de informática do BCA, tinha um tio, proprietário de uma traineira de pesca, que operava a partir do porto de Luanda.

Depois de várias conversas sobre pesca e pescadores, desde o comprimento dos peixes, até à quantidade dos mesmos (a maioria dos “pescadores” prima pela sobrevalorização destes dados), surgiu a oportunidade de dar satisfação à nossa curiosidade.

Combinámos, então, uma pescaria, entre os informáticos do BCA, com a necessária disponibilidade do tio do Felizardo, para nos proporcionar esta aventura.

Na data aprazada, um sábado de manhã, partimos do porto de Luanda, para o alto mar, a uma distância de cerca de trinta quilómetros da costa.

Cada um tinha a sua missão distribuída. A maior parte do grupo estava destinada à pesca propriamente dita, e eu tinha como missão especial tratar do almoço.

Desbobinaram os “aparelhos” lançando-os ao mar. Era assim que chamavam às linhas com os anzóis e os respectivos iscos. Convém que tratemos aqui as coisas pelos respectivos nomes, inclusivamente porque nos dá um certo ar “de entendidos” nestas artes da pesca.

Depois de feita a manobra necessária, e efectuarmos uma pausa, ficámos a aguardar que, ao longo do dia, o peixe picasse o isco, para finalmente se proceder à respectiva recolha.

O barco embalava-se docemente sobre as águas, em movimento pendular, ao sabor da fraca ondulação daquele dia.

Estava tudo a correr bem, quando, inusitadamente, se dá uma “baixa” na tripulação. Quem ? Precisamente eu! Habituado a ter os pés assentes na terra, fiquei horrorosamente enjoado:. tonturas, palidez, náuseas e, finalmente, vómitos. Enjoo era palavra que não constava no meu dicionário. Ainda me falaram nisso, mas qual quê… Enjoos, só para os fracos. As minhas únicas viagens de barco, tinham sido as travessias do Tejo, entre Lisboa e Cacilhas, onde nunca me tinha dado mal, mas aquele baloiçar lânguido no Atlântico, ao início muito agradável, deixou-me completamente de rastos.

No desespero, comecei a comer as laranjas, que estavam destinadas à nossa sobremesa! Comi-as todas e deitei-me longitudinalmente no chão do barco, a ver se a crise passava… Mas qual quê, cada vez se agravava mais! Tive que me aguentar; enquanto a pescaria continuava de vento em popa.

Para mim, foi um dia para esquecer pela má disposição, mas enriquecedor em termos de convívio e de recolha de conhecimentos sobre a vida no mar. Fiquei a saber, por exemplo, que o tubarão é um peixe oportunista, porque como tive ocasião de observar, os tubarões atacavam os peixes, para os comer, precisamente no momento em que estes eram içados para a traineira.

Os meus colegas da aventura, nada comeram da tal refeição que eu iria confeccionar, e nem sequer a uma laranja tiveram direito, no entanto, perdoaram-me, com o compromisso de na próxima vez não me propor para a importante missão de cozinheiro, e de trazer na bagagem alguns comprimidos de Vomidrine.

No dia seguinte, com algum do peixe apanhado, foram todos convidados a comer, em minha casa, uma caldeirada “à maneira”. Estava tão saborosa que não acreditavam ter sido feita por mim, mas foi! Foi a recompensa pela minha falha do dia anterior.



Pescaria no atlântico em 1974 -

Nota – As imagens do vídeo, além de serem poucas, têm muita pouca qualidade. Foram captadas de um filme “super8” que tem mais de 30 anos. Das pessoas que participaram nesta “aventura”, lembro-me do Veiga e do Felizardo visíveis nas imagens. Parece-me que está também o Agostinho, nosso colega, e o tio do Felizardo; das outras pessoas não me lembro. Obviamente que também lá estava eu, que apesar de enjoado, ainda consegui filmar estas poucas imagens, que serviram de tema a esta pequena história.

Taxas no multibanco?

Recebi um e-mail do Borges Lopes enviando-me notícia de uma petição que visa protestar junto da Banca contra a sua intenção de passar a cobrar um taxa – 1,5 euros – nos levantamentos feitos no Multibanco.
Escrever sobre esta matéria numa página de bancários é, naturalmente, correr o risco de ser-se olhado com desdém.
Pois que o seja, mas isso não me retira, como cidadão e cliente, o direito a pronunciar-me.
Nos últimos tempos, e de quando em vez, a notícia sobre cobrança de uma taxa de utilização do Multibanco tem sido posta a circular com regularidade e mais tarde ou mais cedo “vamos levar com ela”. Tanto mais cedo quanto a Banca está a ser, finalmente, pressionada para a não adopção de práticas concertadas e de cartel.
Para além de sabermos se o preço a cobrar é ou não justo (e cabe desde logo dizer-se que 1,5 euros é caro p'ra caraças!) coloca-se a questão prévia de sabermos se a mesma taxa é sequer aceitável. E eu sou dos que acham que não por duas ordens de razões: primeiro porque o recurso de cada um de nós ao Multibanco permite aos bancos libertar mão-de-obra e outros custos associados às operações assim realizadas; segundo porque a captação de depósitos pela Banca, que como sabemos é a base da sua capacidade de concessão de crédito, não pode deixar de criar a obrigação de proceder a entrega dos montantes depositados aos clientes quando e como estes desejarem, isto é ao balcão e pelos montantes pretendidos.
Ou seja o meu Banco tem o dever de me devolver o dinheiro depositado (pelo qual me paga juros – quando paga! – a taxa significativamente reduzida em relação ao que cobra de quem recorre ao crédito.
E quando foi introduzido o sistema Multibanco os objectivos foram mais os de libertar mão-de-obra do que os de prestar um melhor serviço aos clientes.
Sabemos que está a decorrer uma campanha de recolha de assinaturas para protestar contra a imposição destas taxas. Mas mais do que isso, o que seria de enorme impacto e provaria à evidência o interesse dos Bancos no sistema Multibanco era uma “greve” nacional no recurso às caixas multibanco, entupindo os respectivos balcões. E dois dias bastariam!
Nos últimos anos a Banca não tem parado na aplicação de taxas e mais taxas, comissões e mais comissões. Cobra-nos os preços que muito bem entende e que temos sempre a sensação de que estão muito para além do razoável. Veja-se o que se passa, por exemplo, com os portes de correio ou com a consulta on-line a um cheque movimentado nas nossas contas.
Ao mesmo tempo, e como recentemente foi salientado, o ajustamento das taxas de juros nas operações passivas faz-se tardiamente em comparação como que se passa nas operações activas.
Assim não surpreende que em cada ano e com a economia em crise, os lucros da Banca cresçam a taxas nunca vistas.

Estudante-trabalhador? Ou trabalhador-estudante (2)


No meu anterior “post” com o título acima, e onde relatei um pouco do que era o trabalho no BCA, terminei com a seguinte afirmação: Naquele tempo, na verdade ainda não havia Estudantes-trabalhadores. Eu e outros colegas éramos, Trabalhadores-estudantes!

Esta minha afirmação deixou, desde logo, em aberto a oportunidade de voltar a escrever sobre o assunto, como se deduz da numeração do próprio título.
Na minha vida profissional já depois do regresso a Portugal, tive muitas vezes que autorizar “ausências ao serviço” de estudantes-trabalhadores ao abrigo de legislação que lhes conferia tais direitos. E muitas vezes me pus a mim próprio a questão de saber se se trata de estudantes-trabalhadores ou trabalhadores-estudantes. Ou seja, qual a sua principal qualidade: a de estudante ou a de trabalhador?
Bem sabemos como é importante a formação académica e por isso, devo dizer desde já que sempre fui acérrimo apoiante dos muitos colaboradores que tive e que eram estudantes-trabalhadores, como na verdade são tratados na legislação e na literatura.
E a muitos não deixei de estimular para que nunca desistissem. Mas sempre procurei estar atento a eventuais meros pretextos para mais uma “falta justificada ao serviço”.

Passo a relatar agora mais um episódio dos meus tempos de “trabalhador-estudante” ao serviço do ex-BCA.
Quando acabei o meu Curso Geral do Comércio, tinha já 19 anos. Com efeito, após a 4ª Classe e como acontecia com muitas das crianças daquele tempo, deixei de estudar aos 10 anos. Aos treze anos, fui para Angola (onde estava meu pai e meu irmão mais velho) e foi aí que retomei os estudos, começando por frequentar em Janeiro de 1958 o Colégio Académico, na Rua de Silva Porto - Bairro do Café (cuja proprietária e directora era uma excelente senhora a quem tratávamos por D. Angélica) para me preparar para o exame de admissão ao Ciclo Preparatório da Escola Industrial de Luanda.
Acabado o Curso Geral do Comércio prossegui os estudos que me iriam permitir ingressar no Curso de Economia da Universidade do Porto em 1966. Assim, durante três anos trabalhava e estudava à noite.
Foi então que um dia, nas vésperas de mais um exame, me dirigi ao meu chefe de secção, pedindo para me dispensar no dia seguinte.
A resposta não se fez esperar: não podia ser dispensado…mas ser-me-ia permitido sair uma ou duas horas mais cedo!
Como se fossem aquelas duas horas a solução para o meu problema?! Problema que na verdade era mais de receio, expectativa e angústia perante uma nova “prova de exame” do que o de ignorância da matéria. Mas, como sabemos, pensamos sempre que nunca sabemos a matéria!... E pior ainda quando o tempo para estudar no dia-a-dia era pouco!
Perante a resposta que me foi dada, no dia seguinte (dia do exame) compareci no meu posto de trabalho e, pura e simplesmente, saí à mesma hora de todos os dias (creio que era às 17 horas, de acordo com o horário normal).
O exame correu felizmente bem mas…no dia seguinte, por vingança, faltei ao serviço! Estava doente (!) de acordo com o telefonema que minha tia (que Deus tenha em eterno descanso) fez para o Banco.
E quando regressei ao trabalho, creio que com alguma ironia, me foi perguntado pelo chefe se estava melhor. Limitei-me a responder afirmativamente.
Era assim, a vida de um trabalhador-estudante no BCA. Mas, sem vaidade, posso afirmar que não deixava de ser um trabalhador dedicado. E apesar destes episódios (e talvez por causa deles), como sabem os ex-colegas, e como aqui já afirmei, estabeleceu-se entre mim e o Senhor A. Fernandes uma sincera e grande amizade que ainda hoje perdura.
Eram na verdade outros tempos!

Ao colega j.pedro

Apenas uma resposta

Fui alertado para um "comentário" ao meu post sob o título "Cobra? Quais cobra?!...
Venho responder, por esta via e por não ter outra forma de o fazer, ao pedido que me foi feito por j. pedro e peço que me informe quando ler esta resposta.
Se, como me pediu,pretende compar o livro de Joaquim Serra, poderá contactar com o autor através do mail: joaquimdelisboa@yahoo.com.

Um abraço.

PS: se tiver dúvidas ou quiser outro esclarecimento pode contactar-me para ateixeirinha@netcabo.pt. Devo esclarecer que não tenho quaisquer interesses nas vendas do livro nem conheço pessoalmente o autor, mas acho que o livro se lê com agrado e nos recoduz a situações que nos são comuns de vivência em Angola.

Ao Borges Lopes peço que, daqui a alguns dias retire este post dado o seu interesse restricto e pressupondo que o colega j.pedro já então o terá lido

sábado, 13 de janeiro de 2007

ANTÓNIO AUGUSTO BORGES LOPES-09/01/2007

Rectifico que a data de aniversário do Borges Lopes, foi em 9 de Janeiro, apesar de ter pedido a Jr. para me conseguir saber ao certo, por lapso informou-me que era a 13. As minhas desculpas e mais uma vez os Parabéns atrasados.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

ANTONIO AUGUSTO BORGES LOPES - 09/01/2007

PARABÉNS A VOCÊ, NESTA DATA QUERIDA, MUITAS FELICIDADES, MUITOS ANOS DE VIDA.

Neste dia, desculpando a inconfidência, a Ilda e o Luis Simões, o Luis Jr. (Zoca) e a Rute, desejam-te um dia muito feliz em companhia de todos os que te são queridos, especialmente a Alice. Que tenhas tudo de bom na vida, como mereces, e que não esqueças quem sempre se lembra de ti. Muito obrigado por toda a ajuda que nos tens dado, a mim a nível do PC, e ao Luis Jr.(Zoca), porque, desde que o conheceste , não só tens sido cliente assíduo como lhe tens apresentado outros clientes teus Amigos, e diz o ditado "quem nossos filhos beija, nossa boca adoça".

Para ti hoje (13.1.2007), que o almoço corra muito bem e seja do teu agrado. De nós mil beijinhos de Parabéns.

Convite para participar no nosso Blogue





Todos os "ex-BCA's" (Angola, Moçambique, Lisboa, Macau e S. Tomé) estão convidados a participar neste BLOG através de comentários, como habitualmente.

Quem pretender introduzir os seus próprios artigos (colaborador ) deverá manifestá-lo por e-mail, para (aborgeslopes@gmail.com) . Neste caso, também por e-mail, receberá o respectivo "Convite".

Também poderá enviar artigos e/ou fotos, via email, a um dos "colaboradores" que, referenciando o seu autor, efectuará a respectiva publicação.

Abraço a Todos
Borges Lopes

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

BREVE COMENTÁRIO

Janeiro, primeiro mês do ano. Normalmente é neste mês que todas as actividades se debruçam mais no activo e menos no passivo. Pela experiência profissional que tive, é nesta época que se marcam as metas para alcançar os objectivos. Quase sempre marcantes por aumentar o volume em relação ao ano que findou. Sempre e sem raríssimas excepções somos confrontados com o eterno problema mais e sempre mais. E tem razão o que aposta nesta teoria, senão vejamos: é em anos de fartura que mais se deve trabalhar, mas também é em anos menos bons que também se deve fazer o mesmo e é aqui que aparece a fábula da cigarra e da formiga.

Não me parece saudável começar com dúvidas, tão pouco com fantasias. O que é saudável é confiarmos na nossa intuição, na nossa experiência, no nosso brio e aqui fazer finca-pé e remar, remar, remar, nem que seja contra a maré. O ano que agora começa é jovem, está cheio de saúde, devemos ter esperança e marcar os nossos objectivos. Maio é o nosso mês, mas não é o fim de carreira, outros Maios ou Agostos se seguirão, todos eles com objectivos muito comuns a todos nós.

E qual é o nosso principal objectivo meus amigos. Para mim é viver, um dia de cada vez e o melhor possível, mas para o viver bem devo ter confiança em quem? Com certeza que em mim, sempre em mim e naqueles em quem eu confio e amo.

Deixo-vos um desafio, gostem de vós, cumprimentem-se quando olham no espelho, normalmente a primeira pessoa que vemos quando nos levantamos somos nós, não damos grande importância a isso, mas deveríamos dar. Colaboremos uns com os outros, troquemos ideias, participemos nos projectos de quem nos apoia. Não nos esqueçamos nunca de que somos muito pequenos quando estamos sós.

Um abraço meus amigos.


A coragem do dedo na ferida...

Alguém terá de o fazer e quem melhor do que eu, sempre polémica, para dizer o que penso!

Registo, com alguma tristeza, que o Blogue dos Ex-BCA já não tem a mesma vida, a inércia é notória e a tal dinamização, apesar do incansável esforço do Borges Lopes, teima em não existir.

Tento, conscientemente, encontrar motivos para que o desinteresse se tenha instalado.

Não restam dúvidas que o “saldo”, para utilizar o termo da actividade de uma vida inteira, é positivo e esse saldo é a nossa amizade que será sempre bandeira nos momentos em que estivermos juntos .

No entanto, apesar da carga positiva, a verdade é que as conversas entre as pessoas são feitas de sentimentos ou situações comuns, vividos antes ou depois do BCA, de lugares ou acontecimentos que, de algum modo, dizem respeito aos intervenientes dessas conversas e parece-me que os nossos lugares comuns esgotaram-se...

Talvez o facto de nos termos separado e as nossas vidas terem seguido rumos diferentes, com novas vivências, novos objectivos e outras preocupações, seja a causa principal deste vazio num espaço que se previa tão animado.

Haverá soluções, com certeza, mas é preciso que o desafio seja assumido por cada um de nós, não só pelos que contribuem mas também pelos autores dos comentários.

Às vezes é bom parar, mas que seja para pensar, para descobrir o que falta e para fazer o que é preciso!

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

COISAS DE ANGOLA (7)

O mercado de selos, na capital do país, é completamente dominado pelo sector informal. Na reportagem que se segue, o Jornal de Angola procura, de algum modo, mostrar como funciona o negócio dos selos. Um mercado, segundo as fontes contactadas pelo JA, lucrativo, mas que não deixa de ter o seu lado misterioso, porque, salvo raras excepções, ninguém dá a cara.





COMÉRCIO INFORMAL DOMINA A VENDA DE SELOS EM LUANDA.



Graciete Mayer





Cristina Adelaide, 23 anos, dirige-se ao Serviço Notarial, situado na Marginal de Luanda. O seu objectivo é reconhecer a declaração de compra e venda de um automóvel de marca Peugeot recentemente adquirido. Com o documento à mão, pára à entrada e, pouco depois, é interpelada por cinco jovens. "Madrinha que tipo de selos precisa?", perguntam quase em uníssono os cinco jovens, na perspectiva de buscar alguns trocados.
"Preciso de três selos de cinco kwanzas", respondeu a jovem Cristina, ao que o mais rápido dos cinco jovens se prontificou fornecer sem antes deixar de lembrar que "cada selo de 5 kwanzas custa 50 kwanzas".
Cristina Adelaide, certamente conhecedora do esquema, não titubeou e estendeu os 150 kwanzas para os três selos de cinco kwanzas que necessitava para o processo de legalização da viatura que adquirira recentemente.
Feito o "negócio", dirigiu-se de imediato para o Cartório Notarial.
O processo repete-se. São mais de 15 jovens que diariamente interpelam cidadãos que ali se deslocam para reconhecer documentos. Um deles é o jovem que se identificou apenas por Tozé, de 25 anos. Conta que começou a vender selos há mais de quatro anos, influenciado pelo primo. Diz, entretanto, que no princípio achou que o "negócio" dos selos não ia dar nada, pelo facto de na altura se registar pouca procura.
Hoje, porém, diz que a situação é outra. O negócio é a sua fonte de sustento. Tozé adquire os selos a partir de um jovem que todos os dias de manhã, às 8 horas, e, à tarde, às 14 horas, passa pela marginal de Luanda. Diz que o indivíduo, cujo nome preferiu omitir, é pontual. Normalmente apresenta-se de maneira dissimulada, como se fosse mais alguém que pretende reconhecer um documento.
Com um envelope, no qual transporta uma grande quantidade de selos, é o principal fornecedor de todos os revendedores da Marginal de Luanda.
Pacientes, esperamos até à chegada do misterioso fornecedor de selos. Às 14 horas em ponto lá estava o homem. Interpelado pela nossa reportagem, o "homem dos selos" disse que os revendedores pagam por 50 selos de cinco kwanzas a quantia de mil kwanzas. Trocado por miúdos, os revendedores pagam-lhe 20 kwanzas por cada selo de cinco.
Onde é que vai buscar tantos selos?, quisemos saber, mas o homem, conhecedor da célebre frase de que o segredo é a alma do negócio, foi logo respondendo: "são fontes e eu não posso dizer, madrinha!", para depois subir numa moto e arrancar a toda velocidade.
Em pouco menos de dez minutos, o homem vendeu mais de dez lâminas de selos. Para o leitor ter uma percepção do quão rentável é o negócio, basta dizer que cada lâmina tem o formato de uma folha A4.
Tozé, o nosso cicerone de ocasião, diz, também ele, desconhecer a fonte primária de aquisição dos selos, mas aventa a hipótese de ser alguém do Ministério das Finanças. "Ele vende-nos todo o tipo de selos, principalmente o de cinco kwanzas. Normalmente, o jovem da moto vem sempre de forma camuflada, para não dar nas vistas, o que faz pensar que tem alguém no Ministério das Finanças", refere.
O revendedor de selos acrescenta que existem outras fontes de aquisição, como são os casos do mercado Roque Santeiro, São Paulo, algumas tabacarias, localizadas nas imediações do Ministério das Finanças, que por razões óbvias preferiu não mencionar, e até mesmo algumas Repartições Fiscais de Luanda e de Viana. Diz quem conhece o "metier" que algumas tabacarias da Baixa de Luanda são autênticos serviços notariais, em que o cidadão interessado em tratar qualquer que seja o documento, desde registos criminais a atestados médicos, só tem de largar a quantia exigida. No dia seguinte ou, no máximo, em três dias, o documento chega-lhe de certeza às mãos. Este é também um verdadeiro negócio das arábias.
Mas, voltando ao negócio dos selos, outro estratagema utilizado para adquiri-los em grandes quantidades nas Repartições Fiscais consiste no "trato" com pessoas que trabalham em grandes empresas e que lidam com esse sector público. "Normalmente fazem uma declaração com o objectivo de comprar uma grande quantidade de selos para depois os revenderem ao preço de 900 a 1000 kwanzas aos putos da Marginal e de outros locais de Luanda", disse uma fonte ao "JA".
Há tempos, prosseguiu a fonte, fez um negócio com um jovem trabalhador da Sonangol, que elaborou um pedido para a compra de dez lâminas de selos ao preço de 250 kwanzas cada e foram revendidos ao preço de mil kwanzas. E aponta como principais instituições que efectuam tais operações as do município de Viana e a Repartição Fiscal do 3º Bairro de Luanda.
Conta que são operações muito melindrosas, que em alguns casos envolvem trabalhadores destas repartições fiscais, que, como é evidente, também tiram os seus dividendos. "A vida está difícil para todos, cada um come onde trabalha", disse sorridente.
Uma outra fonte de aquisição de selos é a província do Uíje. O jovem Eduardo Noé, 22 anos, diz que tem comprado a partir de uma senhora que vem do Uíje e traz em média 30 a 40 lâminas de vários tipos de selos de oito em oito dias. Ela vende cada lâmina ao preço de mil kwanzas.
Eduardo Noé, que vende selos há mais de dois anos à frente do Primeiro Cartório Notarial de Luanda, tem lucrado 1.500 kwanzas com a venda de 50 selos de cinco kwanzas.
Diariamente pode chegar a vender uma ou mais lâminas. Tudo depende, também, da localização dos estabelecimentos públicos e do período de matrículas nas escolas, sendo este mês de Janeiro o tempo em que se factura à grande e à francesa.
Actualmente, os selos mais solicitados são os de 5 kwanzas. Os restantes, nomeadamente de 1 kwanza, que por norma era o usual e foi substituído pelo de cinco, tem muito pouca procura. Os de 20, 30 e 50 kwanzas também são pouco procurados.
Além de jovens do sexo masculino, algumas kínguilas optaram igualmente por este negócio, pelo facto de estar a dar muito mais lucros do que vender e comprar dólares. E também por ser mais seguro. Dificilmente os revendedores de selos são importunados pelos ladrões e, muito menos, pelos fiscais, porque é um negócio fácil de camuflar.
Diz quem sabe que vender selos à frente dos notários "é que está a dar".
É o caso de Dona Joaquina, 53 anos, que era kínguila há mais de 10 anos, mas que decidiu enveredar por este negócio, "porque é que está a dar o sustento lá em casa". Diz que o câmbio já deu, mas hoje, estabilizada que está a moeda nacional, o kwanza, "não dá para viver". Ela compra os selos no mercado Roque Santeiro e na Repartição Fiscal de Viana.
Numa ronda efectuada aos Serviços Notariais, Registo Civil, tabacarias, Repartições Fiscais e até mesmo em algumas escolas de Luanda, Jornal de Angola deu conta de uma gritante falta de selos para o reconhecimento de documentos.
Alguns inquiridos alegaram que têm dificuldades financeiras para a sua aquisição. Outros, muito poucos, indicaram que tinham apenas selos de 20, 30 e de 50 kwanzas, enquanto os de cinco kwanzas adquiriam-nos, também eles, na rua, ao preço de 50 kwanzas.
Por isso, muitos são os cidadãos que até hoje desconhecem os locais autorizados a comercializar estampilhas fiscais (selos). Este é o caso de C. André, 23 anos, que diz que há mais de quatro anos que vem comprando selos nas proximidades dos Serviços Notariais de Luanda.
Ele não se lembra de ter alguma vez comprado selos nessas instituições. A informação que sempre recebeu é que deveria adquiri-los fora. Já Eduardo Ambrósio, 40 anos, funcionário público, lembra que antigamente os selos eram comprados nas tabacarias e nos Serviços de Registo Civil.
"Agora nós vamos para estas instituições e quase nunca encontramos selos"", refere, apelando a quem de direito no sentido de normalizar a situação.

sábado, 6 de janeiro de 2007

Onde estão os Ex-BCA's ?


Resolvemos incluir no nosso blog, um inquérito, para sabermos onde “param” actualmente os Ex-BCA’s.

Esta sondagem não tem outra finalidade senão a do aspecto lúdico e da satisfação da nossa curiosidade.


Poderá, no entanto contribuir para a decisão da escolha dos locais de encontro para os nossos convívios. Porque não fazê-lo já para o encontro que se realizará em Maio deste ano?

Participe, e colabore, respondendo.

Mantenha este seu blog “animado”!

COISAS DE ANGOLA (6)

RESTOS DE COMIDA, SACOS, GARRAFAS E LATAS VAZIAS "DANÇAM" NAS ONDAS.

O DESRESPEITO PELA ILHA DO MUSSULO.



2007-01-06 10:27:30






A ilha do Mussulo, em Luanda, apresenta-se pejada de lixo, situação que retira alguma beleza ao lugar paradisíaco como é considerado. Em muitos pontos da ilha é visível a quantidade de lixo como garrafas de bebidas diversas, restos de comida, sacos, embalagens de produtos vários e latas vazias.

O espectáculo constrange sobretudo na “língua” da espectacular ilha da capital angolana, onde o lixo se mistura à areia branca e às conchas acastanhadas que o mar lança para a beira.

O mesmo espectáculo é visto na superfície do mar, onde garrafas e latas “dançam” nas sua ondas , o que pressupõe que nas suas entranhas exista uma quantidade incomensurável destes detritos e outros resíduos.

A festa de Natal e de fim-de-ano e o feriado de 4 de Janeiro levaram à ilha centenas de milhar de visitantes, tidos pelos habitantes do Mussulo como os principais causadores da referida imundície.

«As pessoas que vêm para a ilha é que sujam as praias do Mussulo» argumentou um cidadão local ao “O Apostolado”. Já se fizeram muitas campanhas, mas somos sempre nós a fazê-las para que os que vêm de Luanda voltem a sujar a areia e o mar», disse um outro popular.

Organizações que trabalham para a protecção do ambiente consideram o Mussulo como estando muito próximo de um desastre ecológico, não só devido à lixeira em que vem transformando, mas também às construções de betão armado que se vão erguendo.

O Apostolado procurou ouvir, a propósito, a reacção da Administração local, mas não foi bem sucedido.

De qualquer dos modos fica o alerta às autoridades competentes, às organizações pró ambientais e à sociedade para o caos em que está mergulhado o Mussulo banhado por um mar outrora de águas bastante límpidas, hoje, segundo cidadãos, de qualidade duvidosa.

Duvidoso pode mesmo ficar o turista nacional e sobretudo estrangeiro, que entenda aventurar-se pelo Mussulo, quando verificar as más condições balneares que a ilha oferece no momento.

Rasgando o mar a Sul da capital angolana, a Ilha do Mussulo, um banco de areia algo estreito mas de bastantes quilómetros, fez desde sempre as delícias dos seus visitantes. Nos últimos 10 anos foi «assaltada» por «muito boa gente», que começou a disputar cada pedaço de terra do lugarejo, o que levou, inclusive, a mudanças radicais na vida animal e das próprias populações locais.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

PITÁGORAS-TODAS AS COISAS SÃO NÚMEROS

Foi por acaso que encontrei esta afirmação (título) numa pesquisa que fiz. Estou perfeitamente de acordo com ela.

Desde que me incumbi de colaborar na execução da lista de Ex-Colaboradores do Ex-BCA, tenho encontrado coisas muito curiosas que nem me lembrava da sua existência.

É com profunda alegria que constatei e apesar do BCA ter tido um quadro de Pessoal muito grande e até ao momento o Grupo ou o número de pessoas inscritas não corresponder de forma alguma ao seu número, constato que somos poucos mas bons e muito interessados em fazer perdurar a Casa que nos Empregou e apoiou sempre que precisamos.

Tenho recebido muitos apoios e mensagens de vários cantos deste País, Ilhas e Mundo.

Como dizia Um Homem de Angola já desaparecido do mundo dos vivos JORGE PERESTRELO: “ É DISTO QUE EU GOSTO MINHA GENTE”. Pois também é disto que eu gosto, tenho a certeza e mesmo que o número de inscritos não se altere vamos fazer em Maio deste ano o maior encontro e convívio de sempre.

Vou acabar como comecei "TODAS AS COISAS SÃO NÚMEROS [Pitágoras]", por isso em nome de todos nós agradeço ao número activo de Ex-BCA a sua preciosa colaboração, estejam todos atentos, vejam, participem e divulguem o Blog e na próxima confraternização vamos todos estar presentes e colaborar para que Maio seja o nosso mês.

Bem hajam.


quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

COMO SERIA O "NOSSO" MUSSULO?

Como seria o MUSSULO, em ponto pequeno, claro!






O "nosso" amigo Belmiro de Azevedo não brinca em serviço...
Como tal a sua publicidade ao mega investimento em Tróia já corre o Mundo...
Aliás, todos os países menos Portugal... vejam o filme, vão até ao site:

http://www.arqui300.com/movies/flash/flvsonae.swf




DELICIEM-SE A VER O FUTURO QUE NOS ESPERA...

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Caixa de diálogo (3) - AS “SAIAS” DO ARCEBISPO

Prólogo

Depois de lerem ontem a Caixa de diálogo (2), não resisto a contar-vos, neste primeiro sorriso de 2007 – como diz a Severa – uma segunda historieta, com o mesmo palco (BCA), feita constar no tal livrinho destinado a estudantes de Relações Públicas.
Esta, como a primeira, contada em estilo divertido, fez parte de um “processo de aprendizagem” – lembrado pelo Teixeirinha – por que todos passámos e que conduziu a estádios de competência…porque tínhamos a humildade de aprender, a vontade de corrigir e o apego aos valores da imagem institucional. Com todo o respeito pela figura e pelo seu apostolado marcante, sorriam, pois, com

AS “SAIAS” DO ARCEBISPO

Início dos anos setenta. No 20º. andar do Edifício-sede de um Banco em Angola – com uma leitura fantástica de quase 360º sobre a linda cidade de Luanda – tem lugar um jantar de cerimónia com as mais altas Autoridades locais. Convites extensivos às Senhoras.

O número e a qualidade dos convidados permitia um belo e equilibrado plano de mesa, com total obediência às regras protocolares, dado que possibilitava ao organizador – jovem técnico de R.P. a debutar nestas lides – intercalar Cavalheiros e Senhoras, com o especial cuidado de não juntar os casais.

Presenças confirmadas. Sala requintada. Serviço recomendado. Ambiente formal, mas de grande cordialidade.

E o imprevisto acontece: no último minuto, com os convidados prestes a ocupar os lugares marcados, o organizador é avisado de que faltava uma das Senhoras. Este vosso amigo segue a regra nº 1 de um técnico do protocolo: não entrar em pânico. E, num rasgo de audácia, em breves segundos, troca 2 marcadores de mesa e faz avançar delicadamente para o lugar da Senhora faltosa…o Arcebispo. Distraído ou por sua infinita bondade, Sua Excelência Reverendíssima ocupa humildemente o lugar que lhe destinei e, no final do jantar, não se esqueceu de agradecer ao anfitrião e aos companheiros de mesa as deferências recebidas, sem esquecer um cumprimento especial aos cavalheiros que o rodearam.

O último dos convidados a sair do salão, meu amigo pessoal e militar de profissão conhecido pelo sentido de humor e fidalgas maneiras, abeira-se do jovem organizador e segreda-lhe, com ar maroto e paternal: “Esteve tudo muito bem…mas lá porque o Arcebispo usa “saias” não convém pô-lo no lugar de uma Senhora…”

Esta foi para o debutante organizador a 1ª. lição prática de Protocolo Empresarial. E Deus por certo já lhe perdoou a ousadia.

Luís Teixeira da Mota

Luanda - Mais uma mini-história…

Decorria o ano de 1968, como já escrevi antes, e instalava-se o Serviço de Informática, no BCA. Também já disse que um nosso companheiro de profissão, o sr. Manuel Soares, do BPA, Lisboa, nos acompanhou nesta fase de arranque. Como não tinha familiares em Luanda, nós, os já residentes, fazíamos-lhe o máximo de companhia possível. O trabalho, como já foi dito, nesta fase, deixava-nos poucos “tempos livres”. Ainda assim, tentávamos rentabilizá-los em convívios e distracções.

Aconteceu que nesse ano, se deslocou a Luanda, uma “Companhia Tauromáquica”, vinda de Portugal, a fim de se exibir perante os “aficionados” nesta cidade angolana.

Ora o nosso amigo Soares incluía-se nesse grupo. Lisboeta de gema (morador em Alfama) era muito ligado também às terras ribatejanas. Nunca faltava às festas taurinas de Vila Franca de Xira, da Moita e de Alcochete.

Então, o Miguel e eu, num domingo, lá o acompanhámos à tourada, na praça de Touros de Luanda, para mim a primeira a que assisti ao vivo.

Havia grande entusiasmo, não era todos os dias que Luanda nos proporcionava um tal acontecimento.

Após as cortesias da praxe, inicialmente, com a apresentação dos participantes, bandarilheiros, peões de brega, toureiros, cavaleiros e forcados, director da corrida, não esquecendo também o “inteligente”, tudo gente vinda da dita “Metrópole”, só não me lembro, se havia também “orquestra” local, a tocar o trecho da ópera Carmen, que costuma animar os grandes momentos das touradas; começou então, a tourada propriamente dita.

Soa na praça o clarim da refrega. A partir desse momento, não importa se o lugar que ocupamos é sol ou sombra, camarotes ou barreiras. Entra o toiro, também ele vindo desse cantinho da Europa. O espectáculo teria que ser “completo”, e tinha todos os ingredientes para cativar e convencer os aficionados destas terras angolanas.

Depois da expectativa habitual, em que o público avalia a bravura do touro, através do seu comportamento à entrada da arena, antes dos “curtos” ou “compridos” das “chiquelinas” ou “verónicas”, deu-se então a surpresa das surpresas, o toiro, sem que ninguém lhe tocasse, começou a sangrar abundantemente, pelo lombo abaixo!

Ouvem-se assobiadelas e um grande alvoroço, e eu sem perceber o que se passava. Entretanto, a tourada continuava…

Soubemos depois que a empresa organizadora, nesta vinda a Angola, investira pouco na quantidade de toiros; os animais tinham já sido lidados no dia anterior, neste mesmo local, e sido bastante maltratados pelos bandarilheiros.

Para mascarar a situação cobriram as feridas com gesso que depois foi pintado com tinta preta… Só que o disfarce não resultou! O gesso estalou e estalou também a bronca…

Para mim, que nem aprecio corridas de touros, foi-me indiferente, mas o nosso amigo Manuel Soares ficou furioso, e com razão, pois sentiu-se traído no seu brio de verdadeiro aficionado. Infelizmente, este amigo, já não está entre nós. Paz à sua alma.

Assim, aconteceu em Angola em 1968.

BOM ANO !

BL

Primeiro dia do ano...

No primeiro dia do ano, fez questão de nascer mais um ex-Bca...

Eduardo Alberto Correia de Freitas Pessoa de Amorim
Parabéns Eduardo Amorim!