Aviso prévio
A “Caixa de diálogo” assume desta feita a particularidade de um diálogo surdo entre o homem e a máquina, a um tempo insólito e divertido como convém a uma Passagem de Ano.
Recortei esta historieta, passada no BCA em 1970, de uma série de pequenas crónicas que, em tempos pouco recuados, escrevi a convite de um professor do Instituto Superior de Comunicação Empresarial – convite esse extensivo aos mais antigos profissionais de Relações Públicas do País – reportando extractos da minha vida empresarial que contivessem um fim pedagógico para os seus alunos.
Assim, para me situar perante leitores-estudantes, arredei um estilo sério e pseudo-magistral, conferindo ao texto um tom aligeirado e bem- humorado, apontado a uma máxima final com o “tal” sentido pedagógico.
Atentem, pois na história ( com fotografia a preceito ) em versão original e, com ela, subam por instantes ao 1º. Andar do Edifício-Sede do BCA, melhor dizendo à ampla e bonita sobreloja que abraçava o imenso hall das nossas memórias.
O SELO BRANCO VOADOR
A cena passa-se em Luanda, no salão nobre de um Banco. Um dúzia de dirigentes à volta da mesa, com ar formal e pose fotogénica, prepara-se para assinar importantes documentos, caucionadores de um convénio e da extensão das actividades financeiras ao exterior.
Este vosso amigo, jovem de vinte e tal anos, recém-formado nas lides das Relações Públicas, assiste, entre curioso e atento aos pormenores, convicto de que estava ali exactamente para resolver qualquer problema.
O documento-matriz circula, para recolha de assinaturas, entre os principais dirigentes e finaliza o circuito nas mãos do Vice-Presidente, que ocasionalmente tinha a seu lado o notário, o selo branco da instituição e, mais atrás, o jovem e atento R.P.
.
Simpaticamente ( ou desconfiado da operacionalidade do objecto ), olha-me e incita-me a autenticar o documento, concedendo-me o alto privilégio de accionar o martelo-pilão da máquina burocrática.
Usei de alguma força, é verdade, pois o documento merecia um belo selo, mas desconfio que exagerei um pouco, pois o “bicho” reagiu mal à pancada e deu um salto na mesa que ia atingindo o nariz do assustado dirigente.
Sem experiência na manipulação daquele tipo de máquinas, omitira o essencial: com uma das mãos deve segurar-se a base do aparelho e com a outra acciona-se o batente com uma pancada seca.
O meu ar comprometido de menino traquinas fez sorrir paternalmente os assistentes, porventura desconfiados de que o meu curso não incluira aulas práticas com selos brancos e objectos quejandos. Os mais compreensivos terão mesmo pensado: “Temos homem ! Energia não lhe falta…”
Nunca mais toquei num selo branco, que passei a considerar instrumento de tortura voador, a merecer repousar em qualquer museu de horrores.
Resta concluir, avisando os meus confrades: desconfiem das máquinas e dos seus efeitos colaterais; experimentem-nas dez vezes, de preferência em lugar discreto, antes de as usarem em actos públicos.
Luís Teixeira da Mota
A “Caixa de diálogo” assume desta feita a particularidade de um diálogo surdo entre o homem e a máquina, a um tempo insólito e divertido como convém a uma Passagem de Ano.
Recortei esta historieta, passada no BCA em 1970, de uma série de pequenas crónicas que, em tempos pouco recuados, escrevi a convite de um professor do Instituto Superior de Comunicação Empresarial – convite esse extensivo aos mais antigos profissionais de Relações Públicas do País – reportando extractos da minha vida empresarial que contivessem um fim pedagógico para os seus alunos.
Assim, para me situar perante leitores-estudantes, arredei um estilo sério e pseudo-magistral, conferindo ao texto um tom aligeirado e bem- humorado, apontado a uma máxima final com o “tal” sentido pedagógico.
Atentem, pois na história ( com fotografia a preceito ) em versão original e, com ela, subam por instantes ao 1º. Andar do Edifício-Sede do BCA, melhor dizendo à ampla e bonita sobreloja que abraçava o imenso hall das nossas memórias.
O SELO BRANCO VOADOR
A cena passa-se em Luanda, no salão nobre de um Banco. Um dúzia de dirigentes à volta da mesa, com ar formal e pose fotogénica, prepara-se para assinar importantes documentos, caucionadores de um convénio e da extensão das actividades financeiras ao exterior.
Este vosso amigo, jovem de vinte e tal anos, recém-formado nas lides das Relações Públicas, assiste, entre curioso e atento aos pormenores, convicto de que estava ali exactamente para resolver qualquer problema.
O documento-matriz circula, para recolha de assinaturas, entre os principais dirigentes e finaliza o circuito nas mãos do Vice-Presidente, que ocasionalmente tinha a seu lado o notário, o selo branco da instituição e, mais atrás, o jovem e atento R.P.
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Simpaticamente ( ou desconfiado da operacionalidade do objecto ), olha-me e incita-me a autenticar o documento, concedendo-me o alto privilégio de accionar o martelo-pilão da máquina burocrática.
Usei de alguma força, é verdade, pois o documento merecia um belo selo, mas desconfio que exagerei um pouco, pois o “bicho” reagiu mal à pancada e deu um salto na mesa que ia atingindo o nariz do assustado dirigente.
Sem experiência na manipulação daquele tipo de máquinas, omitira o essencial: com uma das mãos deve segurar-se a base do aparelho e com a outra acciona-se o batente com uma pancada seca.
O meu ar comprometido de menino traquinas fez sorrir paternalmente os assistentes, porventura desconfiados de que o meu curso não incluira aulas práticas com selos brancos e objectos quejandos. Os mais compreensivos terão mesmo pensado: “Temos homem ! Energia não lhe falta…”
Nunca mais toquei num selo branco, que passei a considerar instrumento de tortura voador, a merecer repousar em qualquer museu de horrores.
Resta concluir, avisando os meus confrades: desconfiem das máquinas e dos seus efeitos colaterais; experimentem-nas dez vezes, de preferência em lugar discreto, antes de as usarem em actos públicos.
Luís Teixeira da Mota
Teixeira da Mota
ResponderEliminarNão há dúvida que foi um segredo bem guardado!
Ao ler a sua Caixa de Diálogo (2), saio a sorrir de 2006 e porque 2007 é o meu ano no calendário chinês desejo,do fundo do coração, que sorriam todos comigo por serem felizes.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMeu caro Teixeira da Mota,
ResponderEliminarComo afinal ninguém saiu ferido por tão atrevido objecto, esta é mais uma história "gira" que nos faz recordar, a todos em geral, o que são os processos de aprendizagem.
Felicito-te por mais um excelente texto. Aproveito para mais uma vez, agora já bem próximo do final do ano, desejar-te um Feliz 2007 extensivo a todos os colegas ex-BCA's
Luís,
ResponderEliminarBom Ano 2007, para Ti e para os Teus!
Felicidades para Todos !
Um abraço do
BL