quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Cobra??? Quais cobra???

Completei mais um ano de vida há alguns dias. E rcebi os parabéns de "Sanzalangola" numa mensagem subscrita por Joaquim da Silva Serra. Esse colega, que já fez um comentário neste nosso blog no post "CHEQUE DO BCA", com o pseudónimo " joaquimdelisboa", anunciou-me entretanto ter publicado um livro sobre a aventura em que participou no regresso a Portugal a bordo de uma traineira. Agradeci, como era meu dever e encomendei o livro que tem o título "Na Rota de Diogo Cão 1975". É desse livro, que certamente alguns colegas já conhecem, que aqui trago a seguinte passagem, esperando que o autor Joaquim Caetano da Silva Serra (Joaquim de Lisboa), também ele bancário do BCCI em Angola, aceite este meu "abuso".
Diz assim:
"Naquele dia saí como habitualmente de espingarda ao ombro e como só a Maria lavadeira estivesse visível, ...avisei: Maria!...Vou caçar! ...
...E foi neste cuidado de avançar que, em dada altura me apercebi do meu pé descendo sobre uma enorme cobra que, enrolada se aquecia ao sol...
Foi o diabo!...
Eu tentava fugir da cobra iniciando uma nova disciplina que poderia ser apelidada de ...'natação no capim', enquanto a bicha por sua vez, só pensava em escapulir-se a 'sete pés', assobiando pragas à natureza que não a havia contemplado com nenhum.
...Arreliado e ainda tremendo interrompi aí a caçada e pouco depois estava de novo na cerca do quintal, onde a Maria lavadeira, admirada da minha rapidez no regresso e ainda com a agravante de não vislumbrar qualquer peça de caça, me interpelou:
- Então minino...desconseguiste caçar?
Rapidamente contei o que se tinha passado com a cobra enquanto despia e lhe estendia a camisa, anunciando ir tomar banho.
Ainda a ouvi resmungar:
- Cobra???? Quais cobra??? Foste mas foi nas minina da sanzala... Vos conheço!
E lembrando-se ainda da caça que não veio, lamentava-se:
- Aka!... E agora como que vou mesmo comer o meu funge?"

Acho esta passagem do livro "uma delícia". Um relembrar um passado que poderá ser comum a muitos de nós.
Por isso,e pressupondo ter a anuência do autor, aqui fica este breve texto que, quem sabe, poderá lembrar aos colegas que também têm histórias para contar.
Um abraço ao Joaquim Serra.

3 comentários:

  1. Caro Texeira da Mota e restantes colegas,
    Com este texto, de um livro que ilustra "de forma interessante e apesar de tudo sem sentido dramático" uma das formas encontradas por alguns para sair de Angola, mais não procurei do que "dar o pontapé de saída" para mais uma das formas, possíveis, de participarmos no blog.
    Mas acho estarmos perante a "ilustração" bem conseguida de um "diálogo" que não nos é estranho.
    Venha de lá esse 2º texto que, antecipo, será como o primeiro, um excelente momento de leitura para todos.
    Um abraço

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  2. Ilda, não te vou dizer quando fiz anos...mas já passaram 19 dias...
    Um beijinho

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  3. Caro teixeirinha,

    Gostava de entrar em contacto com o Joaquim da Silva Serra para adquirir o seu livro.
    Como posso fazê-lo?

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