Coisas de Angola...
(Recebido por email, hoje)
1. Em Luanda agora é assim! As pessoas se produzem todas para ir a um funeral, como se à uma festa de gala se tratasse. Se antes o branco e o preto eram as cores para actos fúnebres, agora, as damas bazam até de vermelho, rosa, amarelo, laranja, quer dizer, só as cores "mais cheguei" para chamar mesmo a atenção.
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2. Na verdade, os óbitos se transformaram em locais predilectos para desenvolver uma paquera, na ausência de locais públicos de lazer que proporcionem encontros, afinal quem não tem cão nem gato, caça com rato. Há quem diga que as damas vão para ver os BOSS´S da família. Ficam de olho bem aberto para marcar qual é o tio que dá mais kumbu. Depois jogam todo seu charme para cima do kota não importando se casado, solteiro ou viúvo, nem respeitam o luto.
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3. Já os homens, parece que são mais discretos; bazam a estes encontros para beber de graça, consentir uma paquera e, claro, pitar (comer) um coxe, afinal, de graça, bar aberto, boca-livre, não faz mal a ninguém. Os óbitos, há muito que deixaram de ser cerimónias nostálgicas em que os parentes e amigos se encontram para consolar quem perdeu um ente. As Mulalas das kotas deram lugar ao desfile de moda e posses. Tas a ver aquela expressão " ché quez da caldo", já ficou ultrapassada. A canjica e o caldo foram superados pelos Mufetes, Muambas, Bolos, Doces diversos, Rissóis, Tortas e Pudins a maneira.
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4. Da Kissangua, coitada, já nem se fala mais, nem nos círculos mais conservadores das famílias, de vez em quando, aparece nas praças e paragens de candongueiro mas, com novo nome para disfarçar: "Sumol em Saco". Nada de coisa de pobres (kissangua) nos óbitos a onda agora é Cuca, Sagres, Castle, Carlsberg, Coca-Cola e associadas, Sumol e até a forasteira Kiss, agora também Blue's, por que as Youk´s sumiram do mapa. Quer dizer, até aquelas cotas que produziam os pitéus dos óbitos naquelas panelas bué gudas (grandes) também estão desempregadas; foram substituídas pela contratação dos serviços de Bufetes e catering.
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5. Óbito na cidade da Kianda é festa grande. Já há quem prefira patar nos kombas (óbitos) do que ir aos casamentos; nos óbitos não olham nas caras nem querem saber se é parente do noivo ou da noiva para te servirem. Só falta mesmo contratar DJ´s para animar o bo... digo o óbito, com músicas da igreja, já que os kuduristas já fazem questão de cantar daquele jeito neh.
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6. Nesses encontros não podia faltar a turma dos BUFUS, aqueles que definem a qualidade dos óbitos, segundo critérios já bem definidos: Adesão de pessoas famosas, número de carros, que inclui os da moda, último grito, os que mais choram, quem desmaia mais, a quantidade e qualidade do pitéu e bebida etc. quem não consegue um óbito nestes moldes é logo taxado de "JIMBA DIAFU", "DIBINZERO".
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É... meu, morrer na Nguimbe (capital) não é negócio para qualquer um!!!
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7. E não pára por aí, o que dá mais pontos é o lugar onde será o enterro. Tem que ser ALTO DAS CRUZES ou SANTA ANA porque o resto é mesmo resto. O óbito pode ter tudo, mas se o funeral não for nestes lugares perde todos os pontos. Diante disso, começa um novo dilema já que conseguir espaço nestes cemitérios não é coisa fácil e carece de "cunha forte", mas também, 14 ou kamama não são cemitério para Vip´s, tipo, não vão ser comidos também pelos sálálés. Então o defunto chega mesmo a ficar uma semana ou mais a espera que se decida sobre seu próximo endereço.
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8. Mas nem tudo mudou, ainda se vê aquelas kotas que sempre exageram na hora de exprimir sua tristeza. Aquela kotas que vão chorar no Kinaxixi, quando o óbito é no Marçal, para depois reclamar dos rins. Ainda é a oportunidade ímpar para ver todos os parentes, onde os que menos choram são as vítimas quando se procura o culpado pela morte: "EIE U MULOGI". Ele é o feiticeiro, vês que nem chora, eu já sabia. Os vizinhos da rua toda continuam com aquele mau e velho hábito de faltar ao serviço durante um mês sob pretexto de óbito na casa do vizinho que em vida nem sequer os cumprimentava.
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Isto é caso para perguntar: AONDE ESTAMOS E PRA ONDE VAMOS? SABES??????
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Por:
Renato,
ResponderEliminarDivertidíssimo!
Li de uma ponta à outra e adorei.
Como diria o saudoso Perestrelo "é disto que o meu povo gosta".
E eu não sou angolana. Imagina se fosse...
Amiga Severa
ResponderEliminarTerei várias coisas destas para aqui publicar mas, consoante o que me disserem, se acham bem ou se acham mal, eu continuarei. Inclusivamente com sites de fotografias. Para recordar...
um beijinho
Como eu fui dizendo, neste espaço há lugar para coisas diversas. E este é um bom exemplo de como "a bricar" nos aproximamos uns dos outros.
ResponderEliminarRenato, pelo que se deduz, seguir-se-ão outros "episódios". Não será assim?
Um abraço
Como eu fui dizendo, neste espaço há lugar para coisas diversas. E este é um bom exemplo de como "a brincar" nos aproximamos uns dos outros.
ResponderEliminarRenato, pelo que se deduz, seguir-se-ão outros "episódios". Não será assim?
Um abraço
Luis Rodrigues
ResponderEliminarXÉ ESTE MÁDIÉ ESCREVE MUIIITO
Vou citar o que a Severa disse
é disto que o meu povo gosta esse povo somos todos nós que tenhamos Angola no coração
VOU APARECENDO
LUIS
Luís Rodrigues
ResponderEliminarAntes de mais nada, agradeço a tua referência à minha escrita. Relmente é como dizia o Jorge Perestrelo: "É disto que o meu povo gosta". Mas eu sou assim e tu o que apanhar e possa partilhar com os amigos, cá estou eu.
Ainda "monandengue" ensinaram-me a partilhar tudo o que sei, com os meus amigos. A minha política até aqui, julgo que não devo mudar, tem sido essa: Dar mais aos outros do que receber dos outros. Algum dia, se algo acontecer de mau, mudarei de "esquema".
Agora, se quizeres escrever directamente o teu nome, onde diz: escolher uma identidade, clicas "outro" e escreves o teu nome no primeiro rectângulo e depois clicas em "publicar comentário". Desculpa-me estar a dizer-te como fazer, se calhar queres sempre entrar como anónimo, mas como pões o teu nome a seguir... deixa de ser anónimo.
um abraço
Renato
ResponderEliminarObrigado pela dica
Isto da net não é fácil